A
História oral: suas reflexões e caminhos da oralidade.
Os procedimentos metodológicos
que se realizam para o bom aproveitamento de uma entrevista, são
variados e não se resumem apenas a coleta da fala do depoente, vamos
nessas parcas linhas discorrer sobre os espaços e rumos para uma
constituição de uma boa entrevista.
Com a tomada da fala do
depoente é necessário a materialização da entrevista por meio da
transcrição, “transcriação” e a finalização do projeto com
a devolução ou retorno social do projeto e da entrevista para o
depoente, como também, para a sociedade.
No tocante a transcrição,
procura-se transcrever a fala para a escrita de forma a se observar
todas as nuanças de som, voz, fala, gírias e a forma tal qual
falada pelo entrevistado. Objetivando atentar também aos sinais e
silêncios corporais na entrevista. Por conseguinte, a transcriação
se caracteriza pela correção e “enxugamento” das falas, gírias
e sons surgidos, na tentativa de se constituir uma melhor linguagem e
facilitação de leitura e interpretação do depoimento, para o
leitor e os pesquisadores do trabalho realizado da entrevista.
Contudo, para o trabalho de
publicação da entrevista se faz necessário a autorização do
entrevistado, a plena ou parcial, publicação do conteúdo da
entrevista. Conquanto, compete ficarem explícitas na carta de
autorização, as observações quanto aos limites e tempo da
divulgação das citações, e, outras indagações que forem
pertinentes quanto ao conteúdo do depoimento.
Não obstante, o
desenvolvimento da entrevista deve ser procedido de seleção
testemunhal, lugar e roteiro da entrevista. A depender do tipo de
pesquisa que se proponha, faz-se necessário priorizar idade, grau de
instrução, condição social e observar limites de tempo da
entrevista entre outros. Isto posto, a ambientação da entrevista
deve ser bem ponderada, utilizando-se um espaço em que o
entrevistado se sinta confortável, melhor ainda, deixando que o
mesmo faça a escolha do melhor ambiente para a entrevista. Outro
ponto relevante, é o roteiro da entrevista, constitui-se importante
desde que o roteiro possa servir de consulta para entrevista, não
sendo interessante o entrevistador se prender a questionário que
possa metrificar ou tornar a coleta do depoimento tendenciosa,
direcionada e preza as perguntas, sem que se deixe fluir, normalmente
a exposição do entrevistado.
Assim sendo, a História Oral
requer responsabilidades quanto aos procedimentos da entrevista. A
ética do entrevistador é fundamental para retrabalhar tanto a
entrevista, como o entrevistado. Não havendo o mau uso do
depoimento, afim de que não haja reivindicação do depoente no
tocante, a publicação.
Desta feita, há de se
considerar a individualidade, igualdade e diferenciação de relatos
de cada entrevistado. A História Oral se constitui como o ato de
contar sobre o passado no qual, o ser humano por meio da memória
relata as lembranças de outrora, podendo ser as recordações
semelhantes, contraditórias ou sobrepostas. Jamais se encontrando
uma memória tal qual, outra.
Enfim, a História Oral se
constitui como a ferramenta pela qual se procura “reconstituir”
um passado que nos remonta a contradições e lutas importantes para
a memória da humanidade. Cabe ao pesquisador-Historiador analisar os
imaginários coletivos dos diversos grupos sociais, -em se utilizando
da oralidade- “dar voz” as memórias e lembranças
“subterrâneas”, subalternas.
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