A
Secca
A Gazeta de notícias do Rio,
referindo-se à secca do Nordeste diz: “Esse crédito monta à
estupenda quantia de dois mil e quinhentos contos, que, pelos
cálculos do Ministério da Aviação e Obras Públicas, dão para
socorrer os Estados do Ceará, Rio Grande do Norte, Parahyba do Norte
e Sergipe.
Para quem gastou cerca de
cincoenta mil contos com a abertura da Avenida Central, para quem
enterrou mais de vinte mil contos na Exposição de 1908, aquella
quantia, para realização de serviços em uma Zona que vae do S.
Francisco ao Parahyba, nas quaes serão socorridas cerca de
quinhentas mil pessoas, no mínimo, representa uma dádiva de uma
generosidade nunca vista”.
No íntimo achamos que a
Gazeta tem razão para o commentário supra, pois a verdade é que o
governo da União nos olha de esguêlha, e quando nos manda um
punhado de nikel, vangloria-se julgando que fez uma “esmola de
nobre”.
Nós, pobres pacientes, longe
da fonte aurifulgente do thezouro, quintessência do nosso sangue,
estiramos-lhe a mão resequida e supplicante, na qual é depositada
apenas um magro vintém.
Mas que fazer?!
Calar e não queixar-se.
Digamos com o rifão popular:
“de Cavallo dado não se abre a bocca”.
Que Deus não nos falte mesmo
com esse pouco. (sic.)
Ao analisar de forma
superficial as supras reflexões, pode-se deduzir que várias são as
falhas de ortografias, ou de forma mais crítica, um debate bem
contemporâneo sobre uma problemática da “secca” que ousa e
teima em perpetuar-se.
Porém, essa textualização
fora reproduzido de matéria do Jornal Correio da Semana, de sábado,
17 de maio de 1919. Redator Padre Leopoldo Fernandes. Diretor Padre
José de Lima.
Diante do exposto, em virtude
de estarmos em pleno período de duras secas que já perduram três
seguidos anos, estar-se rumando um século que se separam a edição,
da reedição dessa problemática da seca, debatido nesse espaço
discursivo. Ver-se que os artistas, principais e coadjuvantes são
outros, porem, a trama a mesma, numa espécie de “Vale a Pena Ver
de Novo” ou mesmo uma nova edição novelesca das seis.
Não obstante, que governantes
e governados, profissionais e estudiosos da temática possam refletir
permanentemente as resolutibilidades desse contexto repetidamente
vivenciado pela região (semi)-árido do Brasil.
Portanto, muitos são os
autores que discutem essa questão da falta d’água e, citam tal
indústria da seca, a qual os governantes se utilizam desse
expediente para perpetuar-se no poder e também conseguir recursos
públicos de maior monta. Enquanto isso, os menos afortunados pela
sorte apenas, desejariam se deparar com uma Nova História, vir um
dia essa História ser escrita com outras nuances, outros fatos e
fotos.
Fonte:
Jornal
Correio da Semana, de sábado, 17 de maio de 1919. Redator Padre
Leopoldo Fernandes. Diretor Padre José de Lima.
Fonte II: do
recorte de jornal-quadro situado na sala do Museu do Eclipse-Sobral.
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