Porque
Historicizar não é da alçada de advogado, médico, matemático,
biólogo, sociólogo... Etc. Historicizar é papel do Historiador:
reflexão de repúdio a verborréia Zezãoniana.
Em sessão ordinária dessa
segunda-feira última (18.11.2013) no uso da tribuna da Câmara
Municipal de Sobral, o edil José Crisóstomo usurpando de suas
funções legais, seja da vereança, seja como neófito operador do
direito, tentou historicizar sobre o dia da Proclamação da
República (15.11.1889). Incontáveis foram às verborragias citadas
pela referida excelência, testemunho vivo e vocativo, de como o
brasileiro “não conhece a si mesmo” (Socrátes), não conhece a
sua História.
Não obstante, vai-se em
rápida aula, tipo fase seletiva de concurso, problematizar a
temática ensaiada pelo referido edil. Sobre Princesa Isabel, o ato
de libertação dos escravos, não foi uma bondade, ou um suicídio,
este como colocado pelo Dr. Zé, constitui-se sim, de um longo
processo de luta que advinha desde 1549, quando dos primeiros cativos
afros degredados as terras brasílis.Em razão do movimento
republicano, haja vista, esse regime não sobreviveria ou iria muito
longe sem essa pauta, do advento da Revolução Industrial e pressão
da Inglaterra pelo fim da escravidão, o êxito de muitos cativos na
Guerra do Paraguai, a especialização da mão-de-obra dos negros, os
quilombos. Como diz Franck Ribard: “No Ceará, a abolição precoce
do elemento, servil, em franco declínio a partir do final da década
de 1870, decretou a invisibilidade do negro cearense muito mais do
que a abolição da exploração escravocrata”. Desta feita, a
abolição nos moldes em que foi processada, constitui-se mais como
um espaço de perdas do que conquistas efetivas para a negritude
cativa e alforriada.
Por conseguinte, o fim da
monarquia e Proclamação da República foi um golpe sim, assim como
foi o golpe da Independência, uma tomada do poder por cima,
impetrado pelas elites, temendo que as forças subalternas, assim
como vinha se processando nas colônias vizinhas hispânicas e Europa
a fora, promovessem seu levante de ascensão ao poder. Portanto, sua
excelência, seja mais prudente ao se reportar e se arvorar as vias
de “Historiador”, peça instrução aos profissionais da
História, ou mesmo deixe para os mesmos, refletir sobre esses
processos de “ruptura”, e mais complexos da História do Brasil.
Enquanto esse Estado Nacional não “crediticiar”, priorizar a sua
História, a educação ver-se-á esse tipo de representação, essas
condicionantes absurdas. Isto posto, não se tentará esgotar a
temática, haja vista, esse espaço ser exíguo, e também não se
tornar penosa a leitura, fica em aberto as reflexões outras não
tocadas em nossa contextualização da pauta exposta.
Portanto, esmaeço e pensa-se
que já se viu de tudo, mais continuamos a nos deparar com essas
logorréias edílicas Zezãonianas. Como tenho expressado, são por
essas situações que a cada dia me convenço de que esse Estado não
terá porvir. Esse país mais tem tido ranços que avanços. Esse é
o “Brasil rabo-de-cavalo” “peitista”. Que meus “lunos”
Perdoem-me a chula expressão, mas há momentos que se tem que falar
coloquialmente para se indignar com os arroubos a Nossa História, a
nossa categoria. Esse país conforme caminha, NÃO TEM JEITO.
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