terça-feira, 19 de novembro de 2013

A VERBORRÉIA ZEZÃONIANA


Porque Historicizar não é da alçada de advogado, médico, matemático, biólogo, sociólogo... Etc. Historicizar é papel do Historiador: reflexão de repúdio a verborréia Zezãoniana.
Em sessão ordinária dessa segunda-feira última (18.11.2013) no uso da tribuna da Câmara Municipal de Sobral, o edil José Crisóstomo usurpando de suas funções legais, seja da vereança, seja como neófito operador do direito, tentou historicizar sobre o dia da Proclamação da República (15.11.1889). Incontáveis foram às verborragias citadas pela referida excelência, testemunho vivo e vocativo, de como o brasileiro “não conhece a si mesmo” (Socrátes), não conhece a sua História.
Não obstante, vai-se em rápida aula, tipo fase seletiva de concurso, problematizar a temática ensaiada pelo referido edil. Sobre Princesa Isabel, o ato de libertação dos escravos, não foi uma bondade, ou um suicídio, este como colocado pelo Dr. Zé, constitui-se sim, de um longo processo de luta que advinha desde 1549, quando dos primeiros cativos afros degredados as terras brasílis.Em razão do movimento republicano, haja vista, esse regime não sobreviveria ou iria muito longe sem essa pauta, do advento da Revolução Industrial e pressão da Inglaterra pelo fim da escravidão, o êxito de muitos cativos na Guerra do Paraguai, a especialização da mão-de-obra dos negros, os quilombos. Como diz Franck Ribard: “No Ceará, a abolição precoce do elemento, servil, em franco declínio a partir do final da década de 1870, decretou a invisibilidade do negro cearense muito mais do que a abolição da exploração escravocrata”. Desta feita, a abolição nos moldes em que foi processada, constitui-se mais como um espaço de perdas do que conquistas efetivas para a negritude cativa e alforriada.
Por conseguinte, o fim da monarquia e Proclamação da República foi um golpe sim, assim como foi o golpe da Independência, uma tomada do poder por cima, impetrado pelas elites, temendo que as forças subalternas, assim como vinha se processando nas colônias vizinhas hispânicas e Europa a fora, promovessem seu levante de ascensão ao poder. Portanto, sua excelência, seja mais prudente ao se reportar e se arvorar as vias de “Historiador”, peça instrução aos profissionais da História, ou mesmo deixe para os mesmos, refletir sobre esses processos de “ruptura”, e mais complexos da História do Brasil. Enquanto esse Estado Nacional não “crediticiar”, priorizar a sua História, a educação ver-se-á esse tipo de representação, essas condicionantes absurdas. Isto posto, não se tentará esgotar a temática, haja vista, esse espaço ser exíguo, e também não se tornar penosa a leitura, fica em aberto as reflexões outras não tocadas em nossa contextualização da pauta exposta.
Portanto, esmaeço e pensa-se que já se viu de tudo, mais continuamos a nos deparar com essas logorréias edílicas Zezãonianas. Como tenho expressado, são por essas situações que a cada dia me convenço de que esse Estado não terá porvir. Esse país mais tem tido ranços que avanços. Esse é o “Brasil rabo-de-cavalo” “peitista”. Que meus “lunos” Perdoem-me a chula expressão, mas há momentos que se tem que falar coloquialmente para se indignar com os arroubos a Nossa História, a nossa categoria. Esse país conforme caminha, NÃO TEM JEITO.
 
 
 
 

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