Sobral
e o Setembro D. José: Parte final.
Padre
José Palhano: De Brasília ao retorno nos braços do povo.
Diante
do exposto e discutido nas publicações anteriores, com a derrocada da “era
Montista”, Padre Palhano obteve uma ascensão meteórica, conforme Alcides Cedro:
“Mesmo com o governador sendo seu
par
tidário. Chico monte percebia a deteriorização que sofria sua liderança a
nível local, fragilizado pela ascensão meteórica de Pe. José Palhano de Sabóia”
(CEDRO: 2003:48). Este egressaria da condição de apenas sacerdote á mais
importante liderança política de Sobral e da Zona noroeste do Ceará.
Pe.
Palhano de Sabóia passou a liderar os destinos de Sobral, líder da UDN, conquistou
influência política na região, que o condicionou a influenciar nas vitórias
eleitorais de seus correligionários até as disputas de 1976. “A última vitória
de Palhano”, apertada eleição por 470 votos de maioria, fora a eleição do
Prefeito José Euclides Ferreira Gomes Júnior. O padre político perdera apenas a
disputa de sua sucessão, vencendo todas as demais desde o pleito de 1958.
Não
obstante, seu carisma e desenvoltura eleitoral rendera uma cadeira na Câmara
Baixa em 1962. Mas, com o Golpe Militar ele fora cassado em 1964, a partir de
então Palhano com poucos amigos e sem mandato, passa a viver um martírio e
dificuldades financeiras. Em razão das privações econômicas vendera para saldar
dívidas, um de seus bens estimados, “O Sítio Quebra” na Serra da Meruoca. Esse
sítio era um local de pequeno rendimento, de lazer e refúgio para Padre
Palhano.
Desta
feita, o egrégio padre detivera uma vida conturbada, além de inimigos na
política, também os tinha no Clero. Esse teve conflitos com o Bispo D. Walfrido
Teixeira Vieira e fora até suspenso de Ordem Clerical pelo mesmo. Conforme Revista
veja: “O Bispo Dom Walfrido Teixeira
Vieira suspendeu a divinis o padre cearense José Palhano de Sabóia, 52 anos –
uma medida só superada em gravidade pela excomunhão” (sic).
O
referido conflito, o renderiam fortes embates com o clero de Sobral. Ele
retruca na entrevista a suspensão: “para
mim, essa história de suspensão é doença de mulher... Ele é tão burro (D. Walfrido)
que outro dia, depois de tal suspensão, forneceu um documento permitindo que eu
me instalasse onde quisesse”. (Veja, 15 de dez. 1976).
Em
resposta a tal entrevista, o Conselho Presbiteral cita: “Apenas não concebo um padre que sobe ao altar depois de uma noite de
farra em casas suspeitas”.
Contudo,
depois de cassado, ele ingressa no curso de Direito da Faculdade Cândido
Mendes, no período em que vivera no rio de Janeiro. Bacharelando-se em 1 de
dezembro de 1972. Mesmo distante, o padre polêmico sempre mantivera contato com
os amigos que restara em Sobral.
Entretanto,
apesar das tentativas da oposição de apagar dos anais e da memória de Sobral, “o
Fenômeno Padre Palhano”, este reconhecidamente, diante de seus feitos
históricos positivos e polêmicos em certos casos, já exposto nesse trabalho,
permanecerá na memória do povo sobralense por um bom tempo. Pois, constitui-se
quase impossível até os dias atuais falar da História política, religiosa e
social da cidade de Sobral, de meados do século passado doravante, sem se
rememorar as peripécias de Zé da Palha.
Por
conseguinte, co sua morte em 17 de maio de 1982, estava confirmado sua
popularidade e carisma do povo sobralense ao príncipe do clero, da era D. José
Tupinambá. Segundo matéria do Diário do Nordeste de título, “morreu Padre
Palhano um líder sobralense”: “A morte do
ex-prefeito sobralense deixou consternada uma parte da população sobralense,
notadamente aquela que reside nos bairros pobres da cidade onde a atuação de
Palhano era realmente marcante” (Diário do Nordeste, 18 de maio de 1982).
Pouco
antes de sua morte, ele havia sido reabilitado de suas funções sacerdotais.
Conforme
Lustosa da costa, dantes nunca fora visto em Sobral um velório tão pujante e de
tamanha manifestação popular. Depois da missa corpo-presencial celebrada na
Igreja do Patrocínio, local em que ele celebrara sua primeira missa, Padre
Palhano fora sepultado no Cemitério São Francisco, segundo seu próprio desejo: “O padre Palhano... morreu pobre, sem sua
Rádio, etc., mas não há notícia, em Sobral, de sepultamento mais concorrido do
que o seu. O féretro, transportado em carro do Corpo de bombeiro para o
Cemitério Novo, foi acompanhado por grande multidão de pessoas, durante cerca
de dois quilômetros, com as ruas repletas de gente”. (COSTA, 2003:70).
José
Palhano até em sua morte causou tamanho abalo e frisson na cidade, sendo
carregado “nos braços do povo”. Diante do exposto, e, de toda a sua trajetória,
“Palhano virou lenda”.
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