quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Sobral e o Setembro D. José: Parte final.


Sobral e o Setembro D. José: Parte final.
Padre José Palhano: De Brasília ao retorno nos braços do povo.
 
Diante do exposto e discutido nas publicações anteriores, com a derrocada da “era Montista”, Padre Palhano obteve uma ascensão meteórica, conforme Alcides Cedro: “Mesmo com o governador sendo seu par

tidário. Chico monte percebia a deteriorização que sofria sua liderança a nível local, fragilizado pela ascensão meteórica de Pe. José Palhano de Sabóia” (CEDRO: 2003:48). Este egressaria da condição de apenas sacerdote á mais importante liderança política de Sobral e da Zona noroeste do Ceará.
Pe. Palhano de Sabóia passou a liderar os destinos de Sobral, líder da UDN, conquistou influência política na região, que o condicionou a influenciar nas vitórias eleitorais de seus correligionários até as disputas de 1976. “A última vitória de Palhano”, apertada eleição por 470 votos de maioria, fora a eleição do Prefeito José Euclides Ferreira Gomes Júnior. O padre político perdera apenas a disputa de sua sucessão, vencendo todas as demais desde o pleito de 1958.
Não obstante, seu carisma e desenvoltura eleitoral rendera uma cadeira na Câmara Baixa em 1962. Mas, com o Golpe Militar ele fora cassado em 1964, a partir de então Palhano com poucos amigos e sem mandato, passa a viver um martírio e dificuldades financeiras. Em razão das privações econômicas vendera para saldar dívidas, um de seus bens estimados, “O Sítio Quebra” na Serra da Meruoca. Esse sítio era um local de pequeno rendimento, de lazer e refúgio para Padre Palhano.
Desta feita, o egrégio padre detivera uma vida conturbada, além de inimigos na política, também os tinha no Clero. Esse teve conflitos com o Bispo D. Walfrido Teixeira Vieira e fora até suspenso de Ordem Clerical pelo mesmo. Conforme Revista veja: “O Bispo Dom Walfrido Teixeira Vieira suspendeu a divinis o padre cearense José Palhano de Sabóia, 52 anos – uma medida só superada em gravidade pela excomunhão” (sic).
O referido conflito, o renderiam fortes embates com o clero de Sobral. Ele retruca na entrevista a suspensão: “para mim, essa história de suspensão é doença de mulher... Ele é tão burro (D. Walfrido) que outro dia, depois de tal suspensão, forneceu um documento permitindo que eu me instalasse onde quisesse”. (Veja, 15 de dez. 1976).
Em resposta a tal entrevista, o Conselho Presbiteral cita: “Apenas não concebo um padre que sobe ao altar depois de uma noite de farra em casas suspeitas”.

Contudo, depois de cassado, ele ingressa no curso de Direito da Faculdade Cândido Mendes, no período em que vivera no rio de Janeiro. Bacharelando-se em 1 de dezembro de 1972. Mesmo distante, o padre polêmico sempre mantivera contato com os amigos que restara em Sobral.
Entretanto, apesar das tentativas da oposição de apagar dos anais e da memória de Sobral, “o Fenômeno Padre Palhano”, este reconhecidamente, diante de seus feitos históricos positivos e polêmicos em certos casos, já exposto nesse trabalho, permanecerá na memória do povo sobralense por um bom tempo. Pois, constitui-se quase impossível até os dias atuais falar da História política, religiosa e social da cidade de Sobral, de meados do século passado doravante, sem se rememorar as peripécias de Zé da Palha.
Por conseguinte, co sua morte em 17 de maio de 1982, estava confirmado sua popularidade e carisma do povo sobralense ao príncipe do clero, da era D. José Tupinambá. Segundo matéria do Diário do Nordeste de título, “morreu Padre Palhano um líder sobralense”: “A morte do ex-prefeito sobralense deixou consternada uma parte da população sobralense, notadamente aquela que reside nos bairros pobres da cidade onde a atuação de Palhano era realmente marcante” (Diário do Nordeste, 18 de maio de 1982).
Pouco antes de sua morte, ele havia sido reabilitado de suas funções sacerdotais.
Conforme Lustosa da costa, dantes nunca fora visto em Sobral um velório tão pujante e de tamanha manifestação popular. Depois da missa corpo-presencial celebrada na Igreja do Patrocínio, local em que ele celebrara sua primeira missa, Padre Palhano fora sepultado no Cemitério São Francisco, segundo seu próprio desejo: “O padre Palhano... morreu pobre, sem sua Rádio, etc., mas não há notícia, em Sobral, de sepultamento mais concorrido do que o seu. O féretro, transportado em carro do Corpo de bombeiro para o Cemitério Novo, foi acompanhado por grande multidão de pessoas, durante cerca de dois quilômetros, com as ruas repletas de gente”. (COSTA, 2003:70).
José Palhano até em sua morte causou tamanho abalo e frisson na cidade, sendo carregado “nos braços do povo”. Diante do exposto, e, de toda a sua trajetória, “Palhano virou lenda”.            

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