quarta-feira, 18 de setembro de 2013

José Palhano único Padre Prefeito de Sobral

Sobral e o Setembro D. José: Parte III
    Padre Palhano: Ascensão e declínio de um mito.
   O Clero no poder.
 No período do projeto desse trabalho, “O Clero no poder”, seria o título principal que foi pensado para estes estudos exposto. No entanto, mesmo com a mudança de titulação cabe abordar em um subtítulo essa discussão proposta.
Padre Palhano de Sabóia tomara posse, como Prefeito do Município de Sobral, no dia 25 de março de 1959. Senão, sendo sua escolha a candidato a um cargo eletivo, já se constituía como algo histórico para cidade, visto que, o eleitorado sobralense tivera oportunidade de votar em um membro do Clero para o comando do Paço Municipal. Quanto mais, a posse do “Padre-Prefeito”, simbolizaria e fincaria seu nome nos anais do cidade, e, sobretudo, na memória do povo de Sobral.
Não obstante, a memória escrita e dos anais da Princesa do Norte sobre Padre Palhano de Sabóia, houve um ensaio/tentativa de usurpa-se tal História. Visto que, os poucos documentos encontrados tanto nos arquivos da Câmara Municipal, Prefeitura, arquivo público, quanto de publicações em livros e jornais da cidade.
Contudo, pouco é encontrado até então, sobre esse que foi um dos ícones da cidade, tanto por ser filho do Bispo D. José Tupinambá, como pelo feito histórico nas eleições vencida em 1958. Posto que, no próprio Jornal Correio da Semana, semanário da Diocese, o período em que ele fora Prefeito, não havia arquivos do período de seu mandato.
No entanto, nos livros de Lustosa da Costa e da memória do povo sobralense, poder-se-á estabelecer os diálogos e pressupostos discutidos nessa publicação. Conforme visto em entrevista concedida pelo sr. Sinfrônio de Sousa Muniz: “A influência do Padre Palhano demorou pouco aqui em Sobral, não demorou muito, já no meu conhecimento, quando ele foi Prefeito de Sobral governou poucos anos, não sei se foi nem os quatro anos completos. Ele foi precipitado, tropeçou no meio do caminho e ele não brilhou mais.” (MUNIZ: 28 agosto de 2008. entrevista)
Como ver-se, nesse relato, mesmo com o passar do tempo e da tentativa de silenciar os feitos de Padre Palhano, falar de Sobral nas décadas de 1950 aos dias atuais, é também relembrar a memória do mesmo. O Padre Prefeito, homem astucioso, inteligente e intimidador já no princípio de seu mandato se mostra capaz de enfrentar os obstáculos de comandar uma das mais importantes cidades do Estado do Ceará. Pela primeira vez, um Padre comandava o poder constitucional em Sobral. Senão, veja-se, em discurso citado por Costa em relação a tal pressuposto: “Logo após eleito, Palhano se dirigiu ao povo de Sobral através dos microfones da Rádio Iracema, num desafio ao novo governador José Parsifal Barroso:- Não iremos a sua procura nem bateremos no peito um hipócrita [mea culpa], para ficar e cair na sua simpatia de futuro governador do Estado”. (COSTA: 2003: 74)
O Prefeito Palhano de Sabóia, era um homem de posições duras e fortes, e, estabelecia uma relação ríspida com seus adversários e opositores, ver-se em sua fala citada por Costa. Este também sentira a rispidez do mesmo: “Numa época em que a democracia era bem mais franca – recebi ameaças de Palhano, que não gostava de determinadas referências a sua pessoa” (Op. Cit. 74).
Como Prefeito, Padre Palhano de Sabóia teria muitas dificuldades no comando da cidade, em virtude de que, sem apoio do Governo do Estado, seu opositor, tendo que gerir os destinos dos sobralenses apenas com recursos do próprio município e com ajudas do Governo Federal.
Por conseguinte, no primeiro ano de seu mandato, em apenas uma ação, consegue contemplar e fazer honrosa homenagem ao seu pai D. José Tupinambá, que morrera em 25 de setembro de 1959, modificando o nome da então avenida Senador Paula Pessoa, para o de avenida D. José. Estendendo-a do centro da cidade como era até então, até a periferia na praça da Santa Casa, “cortando” praticamente toda cidade. Feito isso, Palhano rendia homenagem a seu estimado tutor, e de quebra cria constrangimento aos seus opositores em razão da Lei sancionada em 15 de outubro de 1959 que alterou a nomenclatura da referida avenida.
Todavia, na apresentação da mensagem de prestação de contas do primeiro ano de mandato, Pe. Palhano de Sabóia expões as dificuldades apesentadas em seu Governo. Conforme afirmação sua em 1961: “Quando assumimos as funções de Prefeito Municipal, cargo que a vontade do eleitorado livre desta terra quis aos nossos ombros, não alimentamos a veleidade de supôr que dentro de um ano apenas, poderíamos remover todos os óbices arquitetados... e bem assim de solucionar todos os problemas que há muito vêm angustiando e entravando o progresso de nossa cidade”.
Como pode-se observar, o Padre Prefeito não se esquivava dos pressupostos nacionais, como o progresso, idéia bem em pauta no período. E ele segue: “Ainda não nos afastamos de nossos propóditos, e tão pouco sofreu desfalecimento o nosso entusiasmo e desejo de tudo fazermos... apesar das decepções, desenganos e desilusões”.
Padre Palhano, não contava com alguns fatos inesperados,dentre os quais; um, a morte repentina de seu pai D. José Tupinambá, que bem teria como auxiliá-lo pela influência política que detinha, conseguindo recursos e apoio político e social; outro fato, foi o enfrentamento com a oposição dura e combativa em que mesmo até antes aliados, passaram a compor uma frente adversária. Dentre os tais; estava Cesário Barreto Lima, no qual o padre prefeito tivera uma amizade fraternal e uma desilusão sem igual.
Não obstante, o Prefeito Padre José Palhano apresentara na mensagem a Câmara Municipal, as realizações de seu primeiro ano de mandato, dentre elas, o funcionalismo com seus vencimentos em dias, obras de calçamento executado em várias ruas da cidade, no total de seis mil e cinquenta e cinco metros quadrados, concurso para seleção de professores, assistência social – distribuição de gêneros alimentícios, receitas médicas, serviço de funeral... -, iluminação pública, reformas do matadouro público, reforma do Paço Municipal, arborização pública, campo de aviação recuperado, instalação de sub-prefeituras nos distritos de Forquilha, Aracatiaçú e Taperuaba entre outros.
No mesmo documento Padre Palhano de Sabóia destaca que, não recebera, “nenhuma colaboração da parte do Governo do Estado a nossa administração voltada... para o progresso e grandeza de Sobral”.
Entretanto, o Prefeito José Palhano ao longo de seu mandato enfrentara dificuldades administrativas, conforme apresentadas em seu primeiro ano de mandato. A ele também são atribuídas; a construção do Arco do Triunfo, a criação do Sistema de Água e Esgoto – SAAE- á 8 de agosto de 1961. Palhano teria uma administração modesta, mas que mesmo assim, não fragilizara sua liderança na cidade. Este, seria eleito Deputado Federal em 1962, e, renunciaria ao múnus de Prefeito em 31 de janeiro de 1963 para assumir mandato na Câmara Baixa do Brasil.

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