Sobral e o Setembro D.
José: parte I
José Palhano de Sabóia:
Primeiros passos de um novo ícone político;
D. José e os primeiros
encaminhamentos de seu pupilo.
No princípio do bispado de d.
José tupinambá da frota, os padres do Ceará eram formados no
Seminário da Prainha em Fortaleza. O santo bispo, conhecedor de que
para implementar seus objetivos eclesiásticos na “Princesa do
Norte”, tentava mudar de forma definitiva e duradoura, os costumes
religiosos de “seu rebanho”, nesse ínterim, criara o Seminário
de Sobral em 1925.
Desta feita, D. José tinha o
costume de escolher jovens adolescentes, que detinham sabedoria e
inteligência diferenciada, da região Noroeste do Estado do Ceará.
Foi em uma das “garimpadas pastoral” e, por conseguinte, com o
consentimento de dona Maria de Jesus Palhano de Sabóia – mãe do
menino “Zé da Palha”-, que se apercebendo de saúde debilitada,
além de permitir que o pequeno José Palhano seja seminarista, como
também, pede ao “Bispo conde” que adote seu filho, vendo nessa
oportunidade singular, a possibilidade de uma melhor sorte para seu
menino José. O próprio bispo, de acordo com o jornalista e
memorialista Lustosa da Costa (Sobral do Meu Tempo; 1982), declarou a
cerca desse acontecimento: “Quando
vi aquela criança loura de treze anos, cabelo cacheado, órfão,
senti que era meu dever de sacerdote e de bispo, atender ao pedido da
mãe.”
Sendo assim, como é
possível observar na fala de Costa, D. José já no primeiro contato
nutriu um carinho diferenciado pelo pequeno José. Por conseguinte,
este se tornaria o privilegiado e protegido do bispo. O menino José
Palhano tinha uma rotina diferenciada da dos demais seminaristas,
enquanto, a maioria de seus colegas de seminário recebia visitas de
seus parentes e famílias, havia dias em que até mesmo voltavam para
casa rever os familiares, já o filho de dona Maria de Jesus, tinha
apenas a presença do “seu pai adotivo” D. José, que o consolava
nesses momentos. Segundo Padre Assis Rocha, esse contexto vivenciado
quando do enclasuramento, pelo menino Palhano era comumente ocorrido:
“Claro que ele era diferente dos outros seminaristas. Estes tinham
pais, irmãos, familiares, visitas e o Palhano não tinha” (Rocha,
II Setembro D. José: Padre Palhano e D. José, duas personalidades,
um só ideal; 2002-2).
Contudo, José Palhano
conquistara o carinho e afeição do “bispo-conde”, abstrações
essas, o qual lhe renderia boas perspectivas e o abriria caminho para
vôos elevados. Com isso, terminado os estudos iniciais em Sobral
realizado por D. José, este pensando na formação de seu filho
adotivo, vislumbrando ver o jovem José Palhano dar seguimento sua
obra clerical, e o substituí-lo no bispado, o bispo sobralense
enviou “Zé da Palha” para o Seminário da Prainha em Fortaleza.
Sobre esse período Padre Assim Rocha comenta: “D. José o colocou
no Seminário, para estudar, como uma conseqüência lógica: filho
de gato, não é gatinho? Porque filho de padre não seria padre
também?” (Rocha, 2002:2). Desta feita, o percurso traçado por D.
José Tupinambá ao seu pupilo nessa trajetória formativa para o
padroado, a ida ao Seminário da Prainha se constituía como parte do
projeto idealizado de sucessão do bispado.
No entanto, essa fase em
que o jovem José Palhano esteve distante de seu tutor-protetor, foi
sentido e se constitui como um período de muitos conflitos. Zé da
Palha seria punido por diversas vezes em virtude de não se acostumar
com os rigores do Seminário da Prainha, como consta nas várias
reclamações sobre o filho adotivo de D. José, que não cumpria os
horários e por várias das vezes que ia a Sobral sem a devida
autorização da administração do Seminário. Esse comportamento
agravava-se devido a saudade, em virtude, de está distante de Sobral
e de seu “pai” o bispo, para solucionar tal impasse, D. José
Tupinambá resolve então dar continuidade em Sobral mesmo a formação
do jovem pupilo.
Por conseguinte, no ano de
1938 o bispo-conde envia Palhano a Roma para continuar os estudos e
sua formação eclesiástica. Entretanto, as mesmas problemáticas
sentidas e vividas na passagem pelo Seminário em Fortaleza, são
sentidas na Europa, no entanto, nesse caso, com o agravante de uma
distancia maior que a anterior, de seu lar e seu protetor. A saudade
sentida apenas era amenizada com as diversas cartas que Palhano
enviava aos amigos e ao pai-bispo em Sobral. Os estudos na Europa
forma concluído em 1941, regresso tão esperado haja vista, as
memórias e sentimentos saudosistas do aconchego de casa e dos amigos
que distava já por “longos três anos”.
Portanto, o período de
formação “seminarística” e clerical de José Palhano,
simboliza uma fase na qual o preterido sucessor do “condado
católico-romano-sobralense” vivencia momentos de privilégios e
conflitos íntimos pessoal ocorridos pelo mesmo, conflitos de certo
compreensíveis, já que as responsabilidades planejadas por seu
pai-bispo e o destino reservado aquele menino do interior de Crateús
eram bem superiores ao sentimento de mera sobrevivência ensejado por
dona Maria de Jesus Sabóia. No entanto, o jovem Palhano saberia
muito bem como superar tais adversidades vivenciadas até então e no
por vir.
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