segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Sobral e o Setembro D. José: parte I
 José Palhano de Sabóia: Primeiros passos de um novo ícone político;
D. José e os primeiros encaminhamentos de seu pupilo.
No princípio do bispado de d. José tupinambá da frota, os padres do Ceará eram formados no Seminário da Prainha em Fortaleza. O santo bispo, conhecedor de que para implementar seus objetivos eclesiásticos na “Princesa do Norte”, tentava mudar de forma definitiva e duradoura, os costumes religiosos de “seu rebanho”, nesse ínterim, criara o Seminário de Sobral em 1925.
Desta feita, D. José tinha o costume de escolher jovens adolescentes, que detinham sabedoria e inteligência diferenciada, da região Noroeste do Estado do Ceará. Foi em uma das “garimpadas pastoral” e, por conseguinte, com o consentimento de dona Maria de Jesus Palhano de Sabóia – mãe do menino “Zé da Palha”-, que se apercebendo de saúde debilitada, além de permitir que o pequeno José Palhano seja seminarista, como também, pede ao “Bispo conde” que adote seu filho, vendo nessa oportunidade singular, a possibilidade de uma melhor sorte para seu menino José. O próprio bispo, de acordo com o jornalista e memorialista Lustosa da Costa (Sobral do Meu Tempo; 1982), declarou a cerca desse acontecimento: “Quando vi aquela criança loura de treze anos, cabelo cacheado, órfão, senti que era meu dever de sacerdote e de bispo, atender ao pedido da mãe.”
Sendo assim, como é possível observar na fala de Costa, D. José já no primeiro contato nutriu um carinho diferenciado pelo pequeno José. Por conseguinte, este se tornaria o privilegiado e protegido do bispo. O menino José Palhano tinha uma rotina diferenciada da dos demais seminaristas, enquanto, a maioria de seus colegas de seminário recebia visitas de seus parentes e famílias, havia dias em que até mesmo voltavam para casa rever os familiares, já o filho de dona Maria de Jesus, tinha apenas a presença do “seu pai adotivo” D. José, que o consolava nesses momentos. Segundo Padre Assis Rocha, esse contexto vivenciado quando do enclasuramento, pelo menino Palhano era comumente ocorrido: “Claro que ele era diferente dos outros seminaristas. Estes tinham pais, irmãos, familiares, visitas e o Palhano não tinha” (Rocha, II Setembro D. José: Padre Palhano e D. José, duas personalidades, um só ideal; 2002-2).
Contudo, José Palhano conquistara o carinho e afeição do “bispo-conde”, abstrações essas, o qual lhe renderia boas perspectivas e o abriria caminho para vôos elevados. Com isso, terminado os estudos iniciais em Sobral realizado por D. José, este pensando na formação de seu filho adotivo, vislumbrando ver o jovem José Palhano dar seguimento sua obra clerical, e o substituí-lo no bispado, o bispo sobralense enviou “Zé da Palha” para o Seminário da Prainha em Fortaleza. Sobre esse período Padre Assim Rocha comenta: “D. José o colocou no Seminário, para estudar, como uma conseqüência lógica: filho de gato, não é gatinho? Porque filho de padre não seria padre também?” (Rocha, 2002:2). Desta feita, o percurso traçado por D. José Tupinambá ao seu pupilo nessa trajetória formativa para o padroado, a ida ao Seminário da Prainha se constituía como parte do projeto idealizado de sucessão do bispado.
No entanto, essa fase em que o jovem José Palhano esteve distante de seu tutor-protetor, foi sentido e se constitui como um período de muitos conflitos. Zé da Palha seria punido por diversas vezes em virtude de não se acostumar com os rigores do Seminário da Prainha, como consta nas várias reclamações sobre o filho adotivo de D. José, que não cumpria os horários e por várias das vezes que ia a Sobral sem a devida autorização da administração do Seminário. Esse comportamento agravava-se devido a saudade, em virtude, de está distante de Sobral e de seu “pai” o bispo, para solucionar tal impasse, D. José Tupinambá resolve então dar continuidade em Sobral mesmo a formação do jovem pupilo.
Por conseguinte, no ano de 1938 o bispo-conde envia Palhano a Roma para continuar os estudos e sua formação eclesiástica. Entretanto, as mesmas problemáticas sentidas e vividas na passagem pelo Seminário em Fortaleza, são sentidas na Europa, no entanto, nesse caso, com o agravante de uma distancia maior que a anterior, de seu lar e seu protetor. A saudade sentida apenas era amenizada com as diversas cartas que Palhano enviava aos amigos e ao pai-bispo em Sobral. Os estudos na Europa forma concluído em 1941, regresso tão esperado haja vista, as memórias e sentimentos saudosistas do aconchego de casa e dos amigos que distava já por “longos três anos”.
Portanto, o período de formação “seminarística” e clerical de José Palhano, simboliza uma fase na qual o preterido sucessor do “condado católico-romano-sobralense” vivencia momentos de privilégios e conflitos íntimos pessoal ocorridos pelo mesmo, conflitos de certo compreensíveis, já que as responsabilidades planejadas por seu pai-bispo e o destino reservado aquele menino do interior de Crateús eram bem superiores ao sentimento de mera sobrevivência ensejado por dona Maria de Jesus Sabóia. No entanto, o jovem Palhano saberia muito bem como superar tais adversidades vivenciadas até então e no por vir.

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