quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Sobral e o Setembro D. José: Parte final.


Sobral e o Setembro D. José: Parte final.
Padre José Palhano: De Brasília ao retorno nos braços do povo.
 
Diante do exposto e discutido nas publicações anteriores, com a derrocada da “era Montista”, Padre Palhano obteve uma ascensão meteórica, conforme Alcides Cedro: “Mesmo com o governador sendo seu par

tidário. Chico monte percebia a deteriorização que sofria sua liderança a nível local, fragilizado pela ascensão meteórica de Pe. José Palhano de Sabóia” (CEDRO: 2003:48). Este egressaria da condição de apenas sacerdote á mais importante liderança política de Sobral e da Zona noroeste do Ceará.
Pe. Palhano de Sabóia passou a liderar os destinos de Sobral, líder da UDN, conquistou influência política na região, que o condicionou a influenciar nas vitórias eleitorais de seus correligionários até as disputas de 1976. “A última vitória de Palhano”, apertada eleição por 470 votos de maioria, fora a eleição do Prefeito José Euclides Ferreira Gomes Júnior. O padre político perdera apenas a disputa de sua sucessão, vencendo todas as demais desde o pleito de 1958.
Não obstante, seu carisma e desenvoltura eleitoral rendera uma cadeira na Câmara Baixa em 1962. Mas, com o Golpe Militar ele fora cassado em 1964, a partir de então Palhano com poucos amigos e sem mandato, passa a viver um martírio e dificuldades financeiras. Em razão das privações econômicas vendera para saldar dívidas, um de seus bens estimados, “O Sítio Quebra” na Serra da Meruoca. Esse sítio era um local de pequeno rendimento, de lazer e refúgio para Padre Palhano.
Desta feita, o egrégio padre detivera uma vida conturbada, além de inimigos na política, também os tinha no Clero. Esse teve conflitos com o Bispo D. Walfrido Teixeira Vieira e fora até suspenso de Ordem Clerical pelo mesmo. Conforme Revista veja: “O Bispo Dom Walfrido Teixeira Vieira suspendeu a divinis o padre cearense José Palhano de Sabóia, 52 anos – uma medida só superada em gravidade pela excomunhão” (sic).
O referido conflito, o renderiam fortes embates com o clero de Sobral. Ele retruca na entrevista a suspensão: “para mim, essa história de suspensão é doença de mulher... Ele é tão burro (D. Walfrido) que outro dia, depois de tal suspensão, forneceu um documento permitindo que eu me instalasse onde quisesse”. (Veja, 15 de dez. 1976).
Em resposta a tal entrevista, o Conselho Presbiteral cita: “Apenas não concebo um padre que sobe ao altar depois de uma noite de farra em casas suspeitas”.

Contudo, depois de cassado, ele ingressa no curso de Direito da Faculdade Cândido Mendes, no período em que vivera no rio de Janeiro. Bacharelando-se em 1 de dezembro de 1972. Mesmo distante, o padre polêmico sempre mantivera contato com os amigos que restara em Sobral.
Entretanto, apesar das tentativas da oposição de apagar dos anais e da memória de Sobral, “o Fenômeno Padre Palhano”, este reconhecidamente, diante de seus feitos históricos positivos e polêmicos em certos casos, já exposto nesse trabalho, permanecerá na memória do povo sobralense por um bom tempo. Pois, constitui-se quase impossível até os dias atuais falar da História política, religiosa e social da cidade de Sobral, de meados do século passado doravante, sem se rememorar as peripécias de Zé da Palha.
Por conseguinte, co sua morte em 17 de maio de 1982, estava confirmado sua popularidade e carisma do povo sobralense ao príncipe do clero, da era D. José Tupinambá. Segundo matéria do Diário do Nordeste de título, “morreu Padre Palhano um líder sobralense”: “A morte do ex-prefeito sobralense deixou consternada uma parte da população sobralense, notadamente aquela que reside nos bairros pobres da cidade onde a atuação de Palhano era realmente marcante” (Diário do Nordeste, 18 de maio de 1982).
Pouco antes de sua morte, ele havia sido reabilitado de suas funções sacerdotais.
Conforme Lustosa da costa, dantes nunca fora visto em Sobral um velório tão pujante e de tamanha manifestação popular. Depois da missa corpo-presencial celebrada na Igreja do Patrocínio, local em que ele celebrara sua primeira missa, Padre Palhano fora sepultado no Cemitério São Francisco, segundo seu próprio desejo: “O padre Palhano... morreu pobre, sem sua Rádio, etc., mas não há notícia, em Sobral, de sepultamento mais concorrido do que o seu. O féretro, transportado em carro do Corpo de bombeiro para o Cemitério Novo, foi acompanhado por grande multidão de pessoas, durante cerca de dois quilômetros, com as ruas repletas de gente”. (COSTA, 2003:70).
José Palhano até em sua morte causou tamanho abalo e frisson na cidade, sendo carregado “nos braços do povo”. Diante do exposto, e, de toda a sua trajetória, “Palhano virou lenda”.            

terça-feira, 24 de setembro de 2013

A dura saga dos “concurseiros” Historiadores


A dura saga dos “concurseiros” Professores de História: Sobre o concurso Seduc-Ce 2013

Podemos considerar o quanto, em tempos de crises econômicas em âmbito mundial ou nacional, o emprego público tem uma força significativa e atrativa aos ingressos ao mercado de trabalho, mesmo mediante ao crescimento da iniciativa privada.  
Não obstante, foi realizado nesse domingo último próximo – 22.09.2013- nas seccionais das Coordenadorias regionais de educação do Estado do Ceará- CREDE, a primeira fase do certame para efetivação de novos docente, ao quadro de efetivos da Rede Estadual de Ensino Médio. Foram mais de 38 mil pretendentes nas mais diversas áreas do conhecimento curricular, ou seja, concurso geral para preenchimento de espaços vagantes, ocupados interinamente por profissionais temporários.
No entanto, atentar-se-á para algo dentre as mais diversas observações possíveis desse certame, para o contexto em que permearam os professores historiadores. Contudo, analisando as estatísticas referente a disciplina de História, suscita tergiversar sobre o dura saga do professorado de História – sem depreciar ou diminuir as dificuldades dos demais profissionais, é evidente-, haja vista, ter-se tido 5262 inscritos para um número ínfimo de vagas que fora disponibilizado – vagas: 175-, ficando posto a batalha descomunal que tiveram que enfrentar esses profissionais da História, tendo que superar o mínino de pouco mais de cinco mil companheiros de área do saber para lograr êxito em tal intento.
Por conseguinte, vale salientar também o número da concorrência por candidato, com uma resultante de 30,07 por vaga. Sexto mais concorrido nesse quesito e terceiro em numero absoluto de inscritos, ficando atrás apenas dos postulantes de português e Matemática.
Desta feita, observa-se o quanto esses concursos realizados no Brasil e seus mais diversos Estados e Municípios, não contemplam as reais demandas reprimidas, em que se encontram renegadas a própria sorte, ou melhor, são sujeitas a lógica do capitalismo “selvagem”, na luta indiscriminada por um “lugar a sombra”. No qual muitos lutam por pouca dessas “árvores de boa copa” desejadas.
Em fim, temos um pseudo-crescimento desordenado nas diversas áreas e contexto da vida humana, no qual predispõem os seres humanos a essa dura saga por uma vida digna e de mínima condição de sobrevivência, no qual uma significativa parcela da população é expelida e exposta as duras penas do deserto da vida.

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Pe. José Palhano: e a ratificação do novo marco em Sobral.

Sobral e o Setembro D. José: Parte IV
        A confirmação do novo líder e o fim da Era Montista

Após a renúncia a Prefeitura de Sobral, o Deputado Pe. Palhano tentou vôos mais altos, representando Sobral e o Ceará em Brasília.
Todavia, com a morte de seu maior opositor, Coronel Chico Monte em 16 de março de 1961, Padre José Palhano de Sabóia não detivera a oportunidade de disputar diretamente uma eleição contra o velho coronel. Apesar de, ter realizado uma administração singela frente ao Paço Municipal, o Padre piloto, disputa a eleição de 1962, como candidato forte da Região Norte do Estado.
No pleito citado, o Prefeito Padre, enfrentaria uma dupla missão; eleger-se ao Congresso Nacional, e “fazer” seu sucessor. Esse lançara Jerônimo de Medeiros Prado – UDN- e a oposição expunha ao crivo dos sobralenses, o mais novo desafeto de José Palhano, seu ex-amigo Cesário Barreto. Este vencera as eleições municipais com 8471 sufrágios, derrotando o candidato do Prefeito-candidato Padre Palhano de Sabóia. (RIBEIRO: 2001: 25)
No entanto, apesar do dessabor de não eleger seu sucessor, Padre Palhano, estabelecia o fim da Era Montista, elegendo-se Deputado Federal com significativa votação. Foram 7842 sufrágios, mais até que a votação dos candidatos de oposição juntos. Francisco Adeodato com 3438 e Marcelo Sanford com 2562 votos.
Desta feita, com sua vitória a Deputado Federal, ele passou de líder local á liderança nacional, pondo fim a “liderança” do velho coronel, e doravante, principiando uma nova era política em Sobral.
A partir do fim da “Era montista”, Sobral vivenciava novos ares políticos e chegaria ao fim o período do coronelismo tradicional na cidade. O município deixava de viver sob a égide de um chefe político com todos os pressupostos de coronel tradicional – o título, as práticas políticas, o voto de cabresto, clientelismo, intimidação do eleitorado, truculência e comando político de apenas um sujeito-, essas são as principais características de um legítimo coronel tradicional.
Senão, o coronel Chico Monte detinha toda essa identidade coronelística supracitada e ainda, perdurava no poder com as práticas políticas discutidas, e, como fala Lustosa da Costa; esse fora o “o último dos coronéis”. Entretanto, o coronelismo não findou, apenas se adequou as novas perspectivas e contexto político e social cedendo margem ao “o Novo Coronel”, este não mais tendo as características e identidade de Chico Mone, mas, representa-se nos sujeitos da modernidade; o Coronel advogado, médico, empresário, engenheiro, padre, ou seja, de fato ainda há os coronéis na Nova Era (PARENTE: 2000:388).
Não obstante, a vitória de Padre Palhano de Sabóia em 1958 e 1962, derrotando a facção montista, constitui um marco na História política de Sobra visto que, desde então nenhum outro grupo partidário conseguiria permanecer no poder local por mais de dois mandatos. Fato esse ocorrendo apenas duas vezes em toda a segunda metade do século XX. Primeiro com um dos liderados de Padre Palhano, em 1972 José Parente Prado que vencera com 13529 votos, o candidato do grupo dos Barretos, Carlos Alberto Arruda que perdera com 11331 sufrágios. Esse também, apoiado pelo Padre político, elegera José Euclides Ferreira Gomes Júnior com 15079 votos, que vencera o “inimigo gratuito de Palhano” -Palhano se referia assim ao candidato derrotado-, Cesário Barreto que obteve 14658 votos.
Outrossim, no segundo caso, o mesmo, José Prado, Prefeito de Sobral de 1989-1992, elegera seu sucessor, Ricardo Barreto Lima em 1992, numa união inesperada das facções de Prados com Barretos principiada em 1989, em oposição a facção dos Ferreira Gomes, vencendo, José Pimentel Gomes.
Desta feita, conforme discutido já nesse trabalho, após Padre Palhano por fim ao coronelismo tradicional, não se teria em Sobral a mesma experiência de poder do velho coronel, no século XX. Este apenas seria superado no século seguinte, com o advento da “Era cidista”.
Contudo, o personagem central da discussão proposta nesse trabalho, configura-se como o “divisor de águas” na História e memória da cidade. Haja visto, as reminiscências e salto no recorte histórico que se faz necessário na discussão proposta, afim de que se possa estabelecer boa compreensão das teses propostas nesse trabalho. Desta feita, observa-se o quanto a presença e influência na memória política de Sobral de Padre Palhano, estabelecendo assim um aspecto simbólico dum vir-a-ser antes e depois de José Palhano de Sabóia.
Todavia,com o advento do Golpe Militar, era cessado o período democrático no Brasil, e com a conivência dos militares, a oposição consegue reunir documentos que resultariam na cassação de Padre Palhano quando Deputado Federal. A documentação era referente ao período em que o mesmo, exercia as funções de Prefeito.
O sucessor, do Padre piloto, Cesário Barreto ao assumir o Paço, fizera auditoria na Prefeitura e elaborara documento que comprovaria uma série de irregularidades de seu sucessor. Essa documentação fora formulada como dossiê publicado com o seguinte título: “A verdade sobre a administração Palhano”. A referida publicação pressupõe possível descalabro, pífia gestão e desagravo ao gestor Padre Palhano (LIMA: 1963).
A medida que, era estabelecido o golpe militar, dispondo de dois parentes militares, o Prefeito Cesário Barreto, consegue que o Deputado Federal Padre Palhano de Sabóia seja cassado, tanto o mandato como os direitos políticos em razão das acusações impetradas e apresentadas pelo seu ex-amigo, então Prefeito Cesário Barreto.
José Palhano, então ex-deputado, anos depois em 4 de outubro de 1967 apresentara documentação, que comprovaria sua inocência quanto as acusações que resultara na perda de seu mandato, intitulado “Em busca da Verdade” (SABÓIA: 1967), apresentado pelo Deputado Federal Osíris Pontes, que expôs defesa no Congresso Nacional das acusações impetradas pelo Prefeito Cesário Barreto.
Contudo, não mais valeria muito a comprovação de sua inocência e absolvição das denúncias. Haja visto, que sua trajetória política já havia sido abortada precocemente e fortemente comprometido suas aspirações políticas, por tal razão, não mais tivera oportunidade de ocupar novos cargos políticos.
entretanto, José Palhano atribuía as duras posições contrárias pelos seus opositores, o motivo de que “descobriram na minha pessoa uma ameaça de provável futuro competidor”. Desta feita, apontamos três principais características que simbolizam a derrocada do príncipe do clero sobralense, são: a morte de D. José Tupinambá, uma oposição implacável e o advento do golpe militar.
Visto isso, com sua perda de mandato e desaparecimento da vida pública, ao menos de forma direta em cargo eletivo, o Padre cassado, não pode alcançar destaque como coronel tradicional, de mesma identidade e características semelhante ao coronel Chico Monte. Assim, esse não fora um coronel de fato, mas sim, o algoz e responsável pelo Fim do Coronelismo Tradicional em Sobral.
 

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

PESQUISA MOSTRA SERRA COMO FORTE CANDIDATO A PRESIDÊNCIA EM 2014

        Corrida Presidencial 2014
 
 Em pesquisa divulgada nesta terça-feira (17-09-2013), pelo Instituto Paraná de Pesquisas, novos meandres pode ser observado, haja vista, com um cenário que apresenta um possível segundo turno entre Dilma Roussef e Marina Silva ou José Serra. Resultado apresentado: Dilma Rousseff: 32,08% - Marina Silva: 19,64% - José Serra: 18,54% - Aécio Neves: 11,13% - Eduardo Campos: 4,29%. Há praticamente um ano do pleito esse cenário demonstra que ao contrário do que se pensa de José Serra que ele estaria fora do pário, ele se configura como o mais forte candidato a por fim a Era Lulista. SERÁ QUE É CHEGADO A VEZ DO CAREQUINHA!?


SERÁ QUE CHEGOU A VEZ DO CAREQUINHA!?



Pesquisa presidente 2014: No Paraná, Serra lidera

Quantcast

Cenário 1

Serra 29%

Dilma 25%

Marina 21%

Aécio 9%

Campos 3%

Cenário 2

Serra 34%

Dilma 26%

Marina 23%

Campos 4%

Serra na frente
José Serra (PSDB) venceria a disputa pela Presidência da República entre os eleitores paranaenses. De acordo com levantamento da Paraná Pesquisas, o tucano bateria nas urnas a presidenta Dilma Rousseff (PT), Marina Silva (Rede) e o companheiro de ninho Aécio Neves. Serra vence nos cenários em que é colocado. No primeiro, com Aécio, ele faz 29% contra 25% de Dilma e 21% de Marina. O senador mineiro tem 9% e o governador pernambucano Eduardo Campos (PSB) atinge 3%.
Sem Aécio
No segundo cenário, agora sem Aécio, o ex-governador paulista amplia a vantagem para 34%. Dilma consegue 26% e Marina 23%. Campos chega a 4%. No terceiro cenário, agora sem Serra, Dilma e Marina empatam em 30%. Aécio faz 15% e Campos 8%. O diretor-presidente da Paraná Pesquisas, Murilo Hidalgo, disse que a popularidade de Dilma caiu cerca de 30 pontos no estado, mas, analisa, tende a voltar crescer a partir dos próximos levantamentos. O Instituto Paraná Pesquisas entrevistou 1.503 eleitores de todo o estado do Paraná, entre os dias 10 e 14 deste mês.
Fonte: Blog do Esmael

SERÁ QUE CHEGOU A HORA DO CAREQUINHA!?

Presidente 2014: nova pesquisa, do Instituto Paraná, indica segundo turno

Dilma Rousseff: 32,08% - Marina Silva: 19,64% - José Serra: 18,54% - Aécio Neves: 11,13% - Eduardo Campos: 4,29%


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Fonte: Brasil 247 (brasil247.com)

José Palhano único Padre Prefeito de Sobral

Sobral e o Setembro D. José: Parte III
    Padre Palhano: Ascensão e declínio de um mito.
   O Clero no poder.
 No período do projeto desse trabalho, “O Clero no poder”, seria o título principal que foi pensado para estes estudos exposto. No entanto, mesmo com a mudança de titulação cabe abordar em um subtítulo essa discussão proposta.
Padre Palhano de Sabóia tomara posse, como Prefeito do Município de Sobral, no dia 25 de março de 1959. Senão, sendo sua escolha a candidato a um cargo eletivo, já se constituía como algo histórico para cidade, visto que, o eleitorado sobralense tivera oportunidade de votar em um membro do Clero para o comando do Paço Municipal. Quanto mais, a posse do “Padre-Prefeito”, simbolizaria e fincaria seu nome nos anais do cidade, e, sobretudo, na memória do povo de Sobral.
Não obstante, a memória escrita e dos anais da Princesa do Norte sobre Padre Palhano de Sabóia, houve um ensaio/tentativa de usurpa-se tal História. Visto que, os poucos documentos encontrados tanto nos arquivos da Câmara Municipal, Prefeitura, arquivo público, quanto de publicações em livros e jornais da cidade.
Contudo, pouco é encontrado até então, sobre esse que foi um dos ícones da cidade, tanto por ser filho do Bispo D. José Tupinambá, como pelo feito histórico nas eleições vencida em 1958. Posto que, no próprio Jornal Correio da Semana, semanário da Diocese, o período em que ele fora Prefeito, não havia arquivos do período de seu mandato.
No entanto, nos livros de Lustosa da Costa e da memória do povo sobralense, poder-se-á estabelecer os diálogos e pressupostos discutidos nessa publicação. Conforme visto em entrevista concedida pelo sr. Sinfrônio de Sousa Muniz: “A influência do Padre Palhano demorou pouco aqui em Sobral, não demorou muito, já no meu conhecimento, quando ele foi Prefeito de Sobral governou poucos anos, não sei se foi nem os quatro anos completos. Ele foi precipitado, tropeçou no meio do caminho e ele não brilhou mais.” (MUNIZ: 28 agosto de 2008. entrevista)
Como ver-se, nesse relato, mesmo com o passar do tempo e da tentativa de silenciar os feitos de Padre Palhano, falar de Sobral nas décadas de 1950 aos dias atuais, é também relembrar a memória do mesmo. O Padre Prefeito, homem astucioso, inteligente e intimidador já no princípio de seu mandato se mostra capaz de enfrentar os obstáculos de comandar uma das mais importantes cidades do Estado do Ceará. Pela primeira vez, um Padre comandava o poder constitucional em Sobral. Senão, veja-se, em discurso citado por Costa em relação a tal pressuposto: “Logo após eleito, Palhano se dirigiu ao povo de Sobral através dos microfones da Rádio Iracema, num desafio ao novo governador José Parsifal Barroso:- Não iremos a sua procura nem bateremos no peito um hipócrita [mea culpa], para ficar e cair na sua simpatia de futuro governador do Estado”. (COSTA: 2003: 74)
O Prefeito Palhano de Sabóia, era um homem de posições duras e fortes, e, estabelecia uma relação ríspida com seus adversários e opositores, ver-se em sua fala citada por Costa. Este também sentira a rispidez do mesmo: “Numa época em que a democracia era bem mais franca – recebi ameaças de Palhano, que não gostava de determinadas referências a sua pessoa” (Op. Cit. 74).
Como Prefeito, Padre Palhano de Sabóia teria muitas dificuldades no comando da cidade, em virtude de que, sem apoio do Governo do Estado, seu opositor, tendo que gerir os destinos dos sobralenses apenas com recursos do próprio município e com ajudas do Governo Federal.
Por conseguinte, no primeiro ano de seu mandato, em apenas uma ação, consegue contemplar e fazer honrosa homenagem ao seu pai D. José Tupinambá, que morrera em 25 de setembro de 1959, modificando o nome da então avenida Senador Paula Pessoa, para o de avenida D. José. Estendendo-a do centro da cidade como era até então, até a periferia na praça da Santa Casa, “cortando” praticamente toda cidade. Feito isso, Palhano rendia homenagem a seu estimado tutor, e de quebra cria constrangimento aos seus opositores em razão da Lei sancionada em 15 de outubro de 1959 que alterou a nomenclatura da referida avenida.
Todavia, na apresentação da mensagem de prestação de contas do primeiro ano de mandato, Pe. Palhano de Sabóia expões as dificuldades apesentadas em seu Governo. Conforme afirmação sua em 1961: “Quando assumimos as funções de Prefeito Municipal, cargo que a vontade do eleitorado livre desta terra quis aos nossos ombros, não alimentamos a veleidade de supôr que dentro de um ano apenas, poderíamos remover todos os óbices arquitetados... e bem assim de solucionar todos os problemas que há muito vêm angustiando e entravando o progresso de nossa cidade”.
Como pode-se observar, o Padre Prefeito não se esquivava dos pressupostos nacionais, como o progresso, idéia bem em pauta no período. E ele segue: “Ainda não nos afastamos de nossos propóditos, e tão pouco sofreu desfalecimento o nosso entusiasmo e desejo de tudo fazermos... apesar das decepções, desenganos e desilusões”.
Padre Palhano, não contava com alguns fatos inesperados,dentre os quais; um, a morte repentina de seu pai D. José Tupinambá, que bem teria como auxiliá-lo pela influência política que detinha, conseguindo recursos e apoio político e social; outro fato, foi o enfrentamento com a oposição dura e combativa em que mesmo até antes aliados, passaram a compor uma frente adversária. Dentre os tais; estava Cesário Barreto Lima, no qual o padre prefeito tivera uma amizade fraternal e uma desilusão sem igual.
Não obstante, o Prefeito Padre José Palhano apresentara na mensagem a Câmara Municipal, as realizações de seu primeiro ano de mandato, dentre elas, o funcionalismo com seus vencimentos em dias, obras de calçamento executado em várias ruas da cidade, no total de seis mil e cinquenta e cinco metros quadrados, concurso para seleção de professores, assistência social – distribuição de gêneros alimentícios, receitas médicas, serviço de funeral... -, iluminação pública, reformas do matadouro público, reforma do Paço Municipal, arborização pública, campo de aviação recuperado, instalação de sub-prefeituras nos distritos de Forquilha, Aracatiaçú e Taperuaba entre outros.
No mesmo documento Padre Palhano de Sabóia destaca que, não recebera, “nenhuma colaboração da parte do Governo do Estado a nossa administração voltada... para o progresso e grandeza de Sobral”.
Entretanto, o Prefeito José Palhano ao longo de seu mandato enfrentara dificuldades administrativas, conforme apresentadas em seu primeiro ano de mandato. A ele também são atribuídas; a construção do Arco do Triunfo, a criação do Sistema de Água e Esgoto – SAAE- á 8 de agosto de 1961. Palhano teria uma administração modesta, mas que mesmo assim, não fragilizara sua liderança na cidade. Este, seria eleito Deputado Federal em 1962, e, renunciaria ao múnus de Prefeito em 31 de janeiro de 1963 para assumir mandato na Câmara Baixa do Brasil.

terça-feira, 17 de setembro de 2013

Sobral e o Setembro D. José: Parte II


Sobral e o Setembro D. José
Padre Palhano: Ascensão e declínio de um mito sobralense.
Da adoção ao pleito de 1958.
 Nascido a 7 de maio de 1922, na localidade chamada Ibiapina, no município de Crateús; José Palhano de Sabóia, era filho de Maria de Jesus Palhano de Sabóia e Júlio Presciliano de Sabóia.
Advindo de família humilde do interior do Ceará, o menino Palhano fora adotado pelo então Bispo de Sobral, D. José Tupinambá da Frota, aos treze anos de idade. Por razão de se encontrar com saúde debilitada, dona Maria de Jesus Palhano resolve entregá-lo ao Bispo sobralense, para que seu filho detivesse melhor fortuna seguindo a vida no Seminário. Conforme Silveira: “Quando vi aquela criança loura de treze anos, cabelos cacheados, órfão, senti que era meu dever, de sacerdote e de bispo, atender ao pedido” (SILVEIRA, 2004:480).
Outrossim, discutindo as razões em que motivaram D. José na adoção do pequeno José, cabe destacar que a mãe deste encontrava-se enferma e apenas morreria aos 10 de outubro de 1937, dois nos pós adoção. “O bispo Conde”, no princípio do Seminário São José de Sobral, costumava escolher jovens para ingressar na vida sacerdotal, e desta feita, José Palhano fora um dos jovens agraciados por D. José.
Contudo, Palhano seria um dos seminaristas que detinha atenção especial do Bispo, tido e havido como o “princepezinho” do clero sobralense. Por conseguinte, José Palhano recebera a Primeira Tonsura Clerical com as bênçãos de D. José, na Capela do Rosário em Sobral a 8 de dezembro de 1944. No ano seguinte, em 30 de setembro de 1945, Palhano de Sabóia recebera do mesmo o presbiterato na Capela do preciosíssimo Sangue no Seminário São José em Sobral (SILVEIRA, 2004: 481). Já no dia 3 de outubro 1945, três dias depois do presbiterato, o doravante, Padre José Palhano de Sabóia celebra sua primeira missa na Paróquia do Patrocínio. Em seguida, este é nomeado Secretário de D. José, uma espécie de assessor especial, no qual, o renderia significativa notoriedade visto que, quase todas as ações e passos do Bispo Conde eram precedidos pela presença do Padre Palhano, sendo até co-autor e co-responsável por muito das ações do bispado em seu secretariado.
Dentre os bons feitos de D. José, o qual o príncipe do clero sobralense detivera significativa colaboração, está à criação do Museu D. José, sendo que, fora Padre Palhano quem reuniria parte bem numerosa do acervo do referido museu.
Desde o egresso do “Padre Zé” – assim era chamado Padre Palhano por D. José-, com relação as questões clericais, o bispo sobralense já com idade avançada, objetivava que seu filho fosse seu sucessor no comando do clero de Sobral. Apesar de, “Zé da Palha” – o Bispo também se referia a ele com esse pseudônimo-, ser um dos melhores celebrantes dente os padres da Diocese d Sobral, não seria no campo religioso que ele sucederia seu pai adotivo, mas sim, a obra de D. José seria seguida no campo político-partidário o qual, padre Palhano ingressara.
Por conseguinte, com o rompimento dos laços políticos e de amizade de padre Palhano com o coronel Chico Monte, esse passa a arregimentar seus passos objetivando disputar as eleições de 1958. Zé da Palha, esperava ser o candidato a Prefeito apoiado pelo Velho Coronel, em razão deste não declinar por tal anseio de Palhano, dava-se início a uma das mais árduas disputas políticas de Sobral.
Contudo, padre Palhano e o coronel Chico Monte renovariam a disputa ocorrida nas primeiras décadas do século XX, pelo Bispo D. José versus o juiz Dr. José Saboya que disputavam a primazia política e social da Princesa do Norte.
Nesse ínterim, padre Palhano já vinha preparando os caminhos necessários para ingressar e trilhar seus passos na vida pública. O eminente padre era tido como um sacerdote diferenciado, não apenas pelo domínio das questões e celebrações litúrgicas. Mas também, pela postura e comportamentos pouco visto entre seus pares, como andar de motocicleta, vestir calça por baixo da batina entre outros. Palhano de Sabóia era uma simpatia em pessoa, mestre em conquistar pessoas e muito admirado. Conforme Rocha: “...como toda criança, tinha minhas fantasias, meus sonhos e meus astros a serem imitados. Não havia televisão, shows, onde eu pudesse aplaudir meus artistas... Eu via o Pe. Palhano e [sonhava], vou ser um padre assim. (ROCHA, 2002: 4)
Não obstante, padre Palhano costumava e gostava de pilotar motos, dirigir carros e, havia aquele que talvez, seria um dos maiores de seus hobbys, pilotar avião. Este último se cofigurava como um dos alvos de maior fascínio por parte de seus admiradores, e de críticas dentre os da ala conservadora da cidade. o pupilo de D. José fora responsável pela reinauguração do campo de pouso de Sobral, localizado no bairro Betânia.
Dentre as realizações do “Padre-Piloto”, que o credenciava a pleitear ao comando da “Princesinha do Norte”, vale destacar que período em que esse foi secretário e por ser filho do Bispo sobralense, os apoios a campanhas de políticos renomados no Estado – Chico Monte fora um desses- os possibilitou obter experiência necessária para seu intento político.
No tocante, aos preparativos para o pleito de 1958, ver-se o apoio e aconselhamento que o pretenso candidato a Prefeito de Sobral, Padre Palhano pedira ao quase perpetuo “coronel” do município de Granja-Ce, Esmerino Arruda que o indicou fazer: “Padre Palhano, você vai aumentar sua popularidade,se fizer o que o Ademar de Barros fez com o Lucas Nogueira Garcez... Chamou o comandante de seu avião particular, queiria fazer um vôo com o Lucas e determinou-lhe que inventasse uma pane e fizesse o avião descer em lugar deserto.” (ARRUDA, 1999: 57)
Conforme sugerira Esmerino, o Padre-Piloto, o fizera e simulara, a queda de seu mono-motor em praia próxima a cidade de Acaraú-Ce. Todavia, conforme ocorrido com Ademar de Barros, tal simulacro rendeu bons dividendos e repercussão na cidade de Sobral.
Por conseguinte, com as devidas bênçãos de seu pai o Bispo, Padre Palhano no ano de 1958 fora lançado candidato a Prefeito de Sobral, pela UDN, em disputa contra o ex-prefeito Jacyntho Antunes Pereira da Silva, este, liderado e apoiado pelo velho coronel Chico Monte. Essa disputa, fora tida e havida, como uma das mais memoráveis e empolgantes de Sobral. Lustosa da Costa cita que: “Não se tratou de uma campanha eleitoral, mas de cruzada religiosa... Palhano, sempre de batina, encantou, enfeitiçou, apaixonou a cidade”. (COSTA: 1982: 65)
Diante desses acontcimentos, a vitória seria quase eminente, e ela veio, Padre Palhano vencera de forma fragorosa com 8472 votos, 61,38% contra 5329 votos, 38,61% de Jacyntho Antunes. Diferença de 3143 sufrágios, façanha em percentagem superada apenas no século XXI – quando das eleições de 2000, 2004 e 2008-, dando início doravante, ao Fim do Coronelismo Tradicional em Sobral.

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Sobral e o Setembro D. José: parte I
 José Palhano de Sabóia: Primeiros passos de um novo ícone político;
D. José e os primeiros encaminhamentos de seu pupilo.
No princípio do bispado de d. José tupinambá da frota, os padres do Ceará eram formados no Seminário da Prainha em Fortaleza. O santo bispo, conhecedor de que para implementar seus objetivos eclesiásticos na “Princesa do Norte”, tentava mudar de forma definitiva e duradoura, os costumes religiosos de “seu rebanho”, nesse ínterim, criara o Seminário de Sobral em 1925.
Desta feita, D. José tinha o costume de escolher jovens adolescentes, que detinham sabedoria e inteligência diferenciada, da região Noroeste do Estado do Ceará. Foi em uma das “garimpadas pastoral” e, por conseguinte, com o consentimento de dona Maria de Jesus Palhano de Sabóia – mãe do menino “Zé da Palha”-, que se apercebendo de saúde debilitada, além de permitir que o pequeno José Palhano seja seminarista, como também, pede ao “Bispo conde” que adote seu filho, vendo nessa oportunidade singular, a possibilidade de uma melhor sorte para seu menino José. O próprio bispo, de acordo com o jornalista e memorialista Lustosa da Costa (Sobral do Meu Tempo; 1982), declarou a cerca desse acontecimento: “Quando vi aquela criança loura de treze anos, cabelo cacheado, órfão, senti que era meu dever de sacerdote e de bispo, atender ao pedido da mãe.”
Sendo assim, como é possível observar na fala de Costa, D. José já no primeiro contato nutriu um carinho diferenciado pelo pequeno José. Por conseguinte, este se tornaria o privilegiado e protegido do bispo. O menino José Palhano tinha uma rotina diferenciada da dos demais seminaristas, enquanto, a maioria de seus colegas de seminário recebia visitas de seus parentes e famílias, havia dias em que até mesmo voltavam para casa rever os familiares, já o filho de dona Maria de Jesus, tinha apenas a presença do “seu pai adotivo” D. José, que o consolava nesses momentos. Segundo Padre Assis Rocha, esse contexto vivenciado quando do enclasuramento, pelo menino Palhano era comumente ocorrido: “Claro que ele era diferente dos outros seminaristas. Estes tinham pais, irmãos, familiares, visitas e o Palhano não tinha” (Rocha, II Setembro D. José: Padre Palhano e D. José, duas personalidades, um só ideal; 2002-2).
Contudo, José Palhano conquistara o carinho e afeição do “bispo-conde”, abstrações essas, o qual lhe renderia boas perspectivas e o abriria caminho para vôos elevados. Com isso, terminado os estudos iniciais em Sobral realizado por D. José, este pensando na formação de seu filho adotivo, vislumbrando ver o jovem José Palhano dar seguimento sua obra clerical, e o substituí-lo no bispado, o bispo sobralense enviou “Zé da Palha” para o Seminário da Prainha em Fortaleza. Sobre esse período Padre Assim Rocha comenta: “D. José o colocou no Seminário, para estudar, como uma conseqüência lógica: filho de gato, não é gatinho? Porque filho de padre não seria padre também?” (Rocha, 2002:2). Desta feita, o percurso traçado por D. José Tupinambá ao seu pupilo nessa trajetória formativa para o padroado, a ida ao Seminário da Prainha se constituía como parte do projeto idealizado de sucessão do bispado.
No entanto, essa fase em que o jovem José Palhano esteve distante de seu tutor-protetor, foi sentido e se constitui como um período de muitos conflitos. Zé da Palha seria punido por diversas vezes em virtude de não se acostumar com os rigores do Seminário da Prainha, como consta nas várias reclamações sobre o filho adotivo de D. José, que não cumpria os horários e por várias das vezes que ia a Sobral sem a devida autorização da administração do Seminário. Esse comportamento agravava-se devido a saudade, em virtude, de está distante de Sobral e de seu “pai” o bispo, para solucionar tal impasse, D. José Tupinambá resolve então dar continuidade em Sobral mesmo a formação do jovem pupilo.
Por conseguinte, no ano de 1938 o bispo-conde envia Palhano a Roma para continuar os estudos e sua formação eclesiástica. Entretanto, as mesmas problemáticas sentidas e vividas na passagem pelo Seminário em Fortaleza, são sentidas na Europa, no entanto, nesse caso, com o agravante de uma distancia maior que a anterior, de seu lar e seu protetor. A saudade sentida apenas era amenizada com as diversas cartas que Palhano enviava aos amigos e ao pai-bispo em Sobral. Os estudos na Europa forma concluído em 1941, regresso tão esperado haja vista, as memórias e sentimentos saudosistas do aconchego de casa e dos amigos que distava já por “longos três anos”.
Portanto, o período de formação “seminarística” e clerical de José Palhano, simboliza uma fase na qual o preterido sucessor do “condado católico-romano-sobralense” vivencia momentos de privilégios e conflitos íntimos pessoal ocorridos pelo mesmo, conflitos de certo compreensíveis, já que as responsabilidades planejadas por seu pai-bispo e o destino reservado aquele menino do interior de Crateús eram bem superiores ao sentimento de mera sobrevivência ensejado por dona Maria de Jesus Sabóia. No entanto, o jovem Palhano saberia muito bem como superar tais adversidades vivenciadas até então e no por vir.