terça-feira, 22 de abril de 2014

2014: FIM DA ERA TASSO?


2014: Fim da era Tasso?

 
O percurso da História se constitui de forças de mudanças, resistências as mudanças, rupturas e continuidades (Elza Nadai), neste processo a História do Ceará vivencia na sua conjuntura política na eleição vindoura (2014) ao palácio do Cambeba, um momento crucial para a escrita da “Nova História Alencarina”; ver-se-á; ou, um processo de ruptura. Ou, um contexto de continuidade dos “Governos das Mudanças”?
O ano de 1986, na eleição de sucessão do último governo do “ciclo dos coronéis”, “Totó” (Gonzaga Mota) a História Política do Ceará vivenciou o processo de ruptura com a conquista eleitoral do “galeguim do zói azul” –a eleição para governador do Ceará, em 1986, teve um resultado surpreendente: o coronel Adauto bezerra, apoiado pelas forças políticas até então dominantes no Estado, foi derrotado por um jovem empresário que pela primeira vez, concorria a um cargo político- (Linda Gondim, 2007). Tasso Ribeiro Jereissati, um jovem empresário, que detivera suas bases ideológicas constituídas na “nova fase” do Centro Industrial do Ceará-CIC, –o empresário José Flávio costa Lima, eleito para presidir a FIEC, abdicou de assumir o posto equivalente no CIC. Seu objetivo era abrir espaço para uma nova geração de empresários, resguardando para a “velha guarda” empresarial, de perfil mais conservador, a FIEC. Nesse contexto, assumiu a direção do CIC Beni Veras (1978-1979). Os seus substitutos foram Amarílio Macedo (1980-1981), Tasso Jereissati (1982-1983), Sérgio Machado (1984-1985) e Assis Machado Neto (1985-1986)- (Alexandre Barbalho, 2005). Esse fora apoiado por “Totó” que havia rompido com os coronéis (cabe destacar que na eleição de Gonzaga Mota, o grupo de Tasso, o CIC, o havia apoiado) resolve lançar o jovem empresário do CIC –numa atitude que Beni Veras classificou como ‘arrojada’, Gonzaga Mota lança, então, um nome ligado ao CIC- (Idem, 2005).
Não obstante, o início da segunda metade da “década perdida” (1980), vivenciou essa conjuntura e dicotomia ideológica, eram os “Empresários versus Coronéis”, “Modernidade versus Tradição. De um lado, O Movimento Pró-Mudanças –PMDB, PC do B, PCB e PDC liderado por Tasso Jereissati. Do outro, a Coligação Democrática- PDS, PFL e PTB liderado pelo coronel Adauto Bezerra (curiosos ver o antagonismo inserido na definição do slogan da coligação destes; ‘coligação democrática’ liderada pelos coronéis, representantes do conservadorismo, tradição e resquícios da Ditadura Militar. Esta incoerência, campo de estudo na História das Mentalidades, aquilo que se diz e pensa os seres sociais individual ou coletivamente). Este embate ideológico modernidade versus tradição, desenvolvimento versos atraso marcou de forma definitiva os pleitos eleitorais e a cultura política a partir de então no Ceará.
Outrossim, para lograr êxito, Tasso Jereissati, vai se apoiar no movimento e consciente coletivo de então, mudança. Slogan como O Brasil Mudou. Mude o Ceará. O conceito de mudança em curso estava bem presente no cotidiano coletivo, sendo facilmente apreendido pela turba alencarina e nacional. Além do slogan de fácil assimilação, a imagem do “candidato das mudanças”, fora fortemente ligada a uma marca a ser apreendida, –seu nome virou uma marca construída a partir da figura do jovem e bem-sucedido empresário decidido a entrar na política por amor á causa pública- (Idem, 2005), mesmo com toda a força, estrutura e capital político que ainda obtinham “os velhos coronéis”, a vitória do “novo” era iminente.
Assim, abertas as urnas Tasso obteve 52,3% dos votos, contra 30% de Adauto Bezerra, simbolizando a ruptura com a era dos coronéis. A Geração das Mudanças era erigida ao poder oficialmente a 15 de março de 1987, com a posse de Tasso, marcando uma nova era da política cearense. Estes propunham modernizar o Ceará tendo como eixo-base: “equilíbrio orçamentário, eficiência da máquina administrativa, probidade no trato com a coisa pública e indução de investimentos”. (Ibidem, 2005).
Senão, o modelo de gestão constituído pela geração das mudanças, delineou um novo paradigma na política do Estado do Ceará, intitulada de “a Era Tasso”. Esta consubstanciou de tal monta, que promovera uma continuidade nas décadas seguintes, –Ciro Gomes (1990-1994), Tasso Jereissati (1995-1998, 1999-2002), Lúcio Alcântara (2003-2006)-, mantendo um domínio político que até os projetara em âmbito nacional, -Ciro Gomes fora ministro da Fazenda no Governo Itamar Franco, e da Integração Nacional do Governo Lula, além de ter sido candidato a Presidência da República; e Tasso Jereissati Fora Senador da República entre os anos de (2003-2010).
Contudo, a História do Ceará mais uma vez perpassa por um momento de definição, no qual se concluirá ou não mais uma de suas páginas. A Era Tasso terá ou não seu fim na eleição vindoura (2014)? Ver-se-á uma nova ruptura na História Alencarina? O modelo iniciado na “Princesa do Norte” e liderado pelos ex-liderados de Tasso, os irmãos FG’s, marcam uma nova era na política cearense?
Entretanto, a eleição 2014 para o Governo do Estado do Ceará, pode sim sinalizar, se se não o princípio de uma nova era, mas certamente, poderá marcar a ruptura, o fim da Era Tasso. O fim da Geração das Mudanças, haja vista, os vários cenários que se delineai no pleito em destaque, podem definir a saída de cena do “Governo das Mudanças”.
Não obstante, a eleição de Cid Gomes em 2006 para o Governo do Estado, ainda se demonstrava as ligações com a Era Tasso, haja vista, esse e seu irmão, terem sido erigidos ao cenário de destaque na política estadual, via o modelo de governo liderado pelos jovens do CIC, mesmo Ciro Gomes, como Cid Gomes não fazerem parte deste ciclo empresarial, um é advogado, o outro, engenheiro. Contudo, com apoio e apadrinhamento de Tasso Jereissati galgaram papel de destaque no cenário político do Ceará. Neste contexto, os historiadores ainda não poderiam definir se os irmãos FG’s ainda representavam ou não a Era Tasso. Haja vista, ainda se visualizar fortes laços entre os modelos gestados no Ceará.
Por conseguinte, na eleição de 2010, que marcou a reeleição de Cid Gomes ao Palácio da Abolição, e, a derrota de Tasso Jereissati a recondução ao Senado Federal, sinalizou o princípio do fim do Governo das Mudanças, em virtude de, a derrota eleitoral do “Galeguim dos olhos azuis”, teve forte influencia dos “ex-pupilos” irmãos FG’s, que apoiaram Eunício e Pimentel. Ao que se deixou transparecer, o possível rompimento das “criaturas” com o “criador”.
Portanto, 2014, se se constitui um ano relevante para a História Política do Ceará, já que, poder-se-á promover a continuidade ou ruptura da Era Tasso. E os Historiadores do Ceará estão apostos, para fechar esta nova página da História do Ceará. 2014 SERÁ O FIM OU NÃO DA GERAÇÃO DAS MUDANÇAS? O FIM DA ERA TASSO? SERÁ O INÍCIO DE UMA NOVA ERA? O que resta é, esperar os últimos parágrafos desta História. 



 

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