2014: Fim da era Tasso?
O percurso da
História se constitui de forças de mudanças, resistências as
mudanças, rupturas e continuidades (Elza Nadai), neste processo a
História do Ceará vivencia na sua conjuntura política na eleição
vindoura (2014) ao palácio do Cambeba, um momento crucial para a
escrita da “Nova História Alencarina”; ver-se-á; ou, um
processo de ruptura. Ou, um contexto de continuidade dos “Governos
das Mudanças”?
O ano de 1986, na
eleição de sucessão do último governo do “ciclo dos coronéis”,
“Totó” (Gonzaga Mota) a História Política do Ceará vivenciou
o processo de ruptura com a conquista eleitoral do “galeguim do zói
azul” –a
eleição para governador do Ceará, em 1986, teve um resultado
surpreendente: o coronel Adauto bezerra, apoiado pelas forças
políticas até então dominantes no Estado, foi derrotado por um
jovem empresário que pela primeira vez, concorria a um cargo
político-
(Linda Gondim, 2007). Tasso Ribeiro Jereissati, um jovem empresário,
que detivera suas bases ideológicas constituídas na “nova fase”
do Centro Industrial do Ceará-CIC, –o
empresário José Flávio costa Lima, eleito para presidir a FIEC,
abdicou de assumir o posto equivalente no CIC. Seu objetivo era abrir
espaço para uma nova geração de empresários, resguardando para a
“velha guarda” empresarial, de perfil mais conservador, a FIEC.
Nesse contexto, assumiu a direção do CIC Beni Veras (1978-1979). Os
seus substitutos foram Amarílio Macedo (1980-1981), Tasso Jereissati
(1982-1983), Sérgio Machado (1984-1985) e Assis Machado Neto
(1985-1986)-
(Alexandre Barbalho, 2005). Esse fora apoiado por “Totó” que
havia rompido com os coronéis (cabe destacar que na eleição de
Gonzaga Mota, o grupo de Tasso, o CIC, o havia apoiado) resolve
lançar o jovem empresário do CIC –numa
atitude que Beni Veras classificou como ‘arrojada’, Gonzaga Mota
lança, então, um nome ligado ao CIC-
(Idem, 2005).
Não obstante, o
início da segunda metade da “década perdida” (1980), vivenciou
essa conjuntura e dicotomia ideológica, eram os “Empresários
versus Coronéis”, “Modernidade versus Tradição. De um lado, O
Movimento Pró-Mudanças –PMDB, PC do B, PCB e PDC liderado por
Tasso Jereissati. Do outro, a Coligação Democrática- PDS, PFL e
PTB liderado pelo coronel Adauto Bezerra (curiosos ver o antagonismo
inserido na definição do slogan da coligação destes; ‘coligação
democrática’ liderada pelos coronéis, representantes do
conservadorismo, tradição e resquícios da Ditadura Militar. Esta
incoerência, campo de estudo na História das Mentalidades, aquilo
que se diz e pensa os seres sociais individual ou coletivamente).
Este embate ideológico modernidade versus tradição,
desenvolvimento versos atraso marcou de forma definitiva os pleitos
eleitorais e a cultura política a partir de então no Ceará.
Outrossim, para
lograr êxito, Tasso Jereissati, vai se apoiar no movimento e
consciente coletivo de então, mudança. Slogan como O Brasil Mudou.
Mude o Ceará. O conceito de mudança em curso estava bem presente no
cotidiano coletivo, sendo facilmente apreendido pela turba alencarina
e nacional. Além do slogan de fácil assimilação, a imagem do
“candidato das mudanças”, fora fortemente ligada a uma marca a
ser apreendida, –seu
nome virou uma marca construída a partir da figura do jovem e
bem-sucedido empresário decidido a entrar na política por amor á
causa pública-
(Idem, 2005), mesmo com toda a força, estrutura e capital político
que ainda obtinham “os velhos coronéis”, a vitória do “novo”
era iminente.
Assim, abertas as
urnas Tasso obteve 52,3% dos votos, contra 30% de Adauto Bezerra,
simbolizando a ruptura com a era dos coronéis. A Geração das
Mudanças era erigida ao poder oficialmente a 15 de março de 1987,
com a posse de Tasso, marcando uma nova era da política cearense.
Estes propunham modernizar o Ceará tendo como eixo-base: “equilíbrio
orçamentário, eficiência da máquina administrativa, probidade no
trato com a coisa pública e indução de investimentos”. (Ibidem,
2005).
Senão, o modelo de
gestão constituído pela geração das mudanças, delineou um novo
paradigma na política do Estado do Ceará, intitulada de “a Era
Tasso”. Esta consubstanciou de tal monta, que promovera uma
continuidade nas décadas seguintes, –Ciro Gomes (1990-1994), Tasso
Jereissati (1995-1998, 1999-2002), Lúcio Alcântara (2003-2006)-,
mantendo um domínio político que até os projetara em âmbito
nacional, -Ciro Gomes fora ministro da Fazenda no Governo Itamar
Franco, e da Integração Nacional do Governo Lula, além de ter sido
candidato a Presidência da República; e Tasso Jereissati Fora
Senador da República entre os anos de (2003-2010).
Contudo, a História
do Ceará mais uma vez perpassa por um momento de definição, no
qual se concluirá ou não mais uma de suas páginas. A Era Tasso
terá ou não seu fim na eleição vindoura (2014)? Ver-se-á uma
nova ruptura na História Alencarina? O modelo iniciado na “Princesa
do Norte” e liderado pelos ex-liderados de Tasso, os irmãos FG’s,
marcam uma nova era na política cearense?
Entretanto, a
eleição 2014 para o Governo do Estado do Ceará, pode sim
sinalizar, se se não o princípio de uma nova era, mas certamente,
poderá marcar a ruptura, o fim da Era Tasso. O fim da Geração das
Mudanças, haja vista, os vários cenários que se delineai no pleito
em destaque, podem definir a saída de cena do “Governo das
Mudanças”.
Não obstante, a
eleição de Cid Gomes em 2006 para o Governo do Estado, ainda se
demonstrava as ligações com a Era Tasso, haja vista, esse e seu
irmão, terem sido erigidos ao cenário de destaque na política
estadual, via o modelo de governo liderado pelos jovens do CIC, mesmo
Ciro Gomes, como Cid Gomes não fazerem parte deste ciclo
empresarial, um é advogado, o outro, engenheiro. Contudo, com apoio
e apadrinhamento de Tasso Jereissati galgaram papel de destaque no
cenário político do Ceará. Neste contexto, os historiadores ainda
não poderiam definir se os irmãos FG’s ainda representavam ou não
a Era Tasso. Haja vista, ainda se visualizar fortes laços entre os
modelos gestados no Ceará.
Por conseguinte, na
eleição de 2010, que marcou a reeleição de Cid Gomes ao Palácio
da Abolição, e, a derrota de Tasso Jereissati a recondução ao
Senado Federal, sinalizou o princípio do fim do Governo das
Mudanças, em virtude de, a derrota eleitoral do “Galeguim dos
olhos azuis”, teve forte influencia dos “ex-pupilos” irmãos
FG’s, que apoiaram Eunício e Pimentel. Ao que se deixou
transparecer, o possível rompimento das “criaturas” com o
“criador”.
Portanto, 2014, se
se constitui um ano relevante para a História Política do Ceará,
já que, poder-se-á promover a continuidade ou ruptura da Era Tasso.
E os Historiadores do Ceará estão apostos, para fechar esta nova
página da História do Ceará. 2014 SERÁ O FIM OU NÃO DA GERAÇÃO
DAS MUDANÇAS? O FIM DA ERA TASSO? SERÁ O INÍCIO DE UMA NOVA ERA? O
que resta é, esperar os últimos parágrafos desta História.