O Neo-escravismo no Brasil: sobre o povo resolver usurpar as leis e governos a fazer justiça com as próprias ações.

Como diz Giambatista Vico: “o
‘recourse’ histórico se dá em espiral”, os eventos vão e vêm
e quando se repetem não se estabelecem, nos mesmos moldes, mas, em
outro nível ou estado. O “neo-pelourinho” está “no alvo da
moda” no Brasil.
Têm-se visualizado, nas
últimas semanas um “novo” evento social -nas mais diversas
cidades brasileiras- o advento do uso da força e justiça com as
próprias ações por parte da população nacional, no qual nos atos
de roubos, populares estão se rebelando contrário a pequena
deliquência, os prendendo, espancando-os e os amarrando em postes
Brasil á fora.
Contudo, o referido
evento demonstra uma grave faceta do coletivo social, pois, ao se
utilizar de tal artifício a sociedade civil usurpa de suas funções
e da lei. Haja vista, complete ao estado e suas organizações fazer
cumprir a lei e o povo auxiliando ao seu cumprimento e não agindo á
margem dela. Com esse feito, o popular ao se recorrer á força
física pra ter sua integridade econômica e física salvaguardada
perde a sua cobertura legal.
Não obstante, o caótico
estado de insegurança pública no campo, nas cidades, no país e o
sistema ideológico preconizado –capitalismo-, esse fez-se
estabelecer esse principio da Rainha da Inglaterra; “não
basta ser honesto, tem que parecer honesto.”
Contudo, está se vivenciando a analogia desse conceito, já não
bastava vivenciar a insegurança, tem que se parecer inseguro. E,
nesse processo o povo já não consegue esperar, nem acreditar nas
organizações governamentais, nem nos governantes. Configurando a
falência do setor de segurança pública no Brasil. E que esse se
constituiu numa problemática estrutural. Sendo que estas carecem de
conceituações amplas e diversificadas no escopo dessa problemática.
Entretanto, mesmo mediante
esse estado caótico, não se pode perder o censo crítico e
consciente coletivo, pois, em que se diferencia uma imagem da outra
supra-visualizada? Se atualmente há um consciente coletivo que a
escravidão negra no Brasil fora um ato desumano; Será que
violentar, espancar e acorrentar a um poste um ser, não se constitui
um crime tão grave quanto um furto ou roubo? Um crime não justifica
o outro.
Cabe destacar que, tão
vitimizados quanto foram nossos progênies afros, essa pequena
delinqüência não sofre semelhante marginalização,
criminalização? Diz-se-á melhor, esses continuam desde sempre a
margem, renegados, indiferenciados, ignorados pelos governantes e
sociedade civil. Haja vista, esses novos escravizados serem em seu
maior contingente derivados da velha escravatura. E, ao que parece, a
geração atual, não evoluiu, não se reestruturou, continuam tão
insensíveis e desumanizadas quanto aos “escórias-progênie” dos
velhos tempos da Colonização e Império brasileiro.
Entrementes, nem tudo está
perdido. Recorrendo a Mark W. Baker em: Jesus,
o maior psicólogo que já existiu;
podemos visualizar em que momento do curso histórico de nosso país,
perdemos o controle da nossa tranqüilidade e se chegou ao difícil
estado em voga, muito das razões estão no modelo capitalista,
individualista, segregacionista adotado. E, no caso brasileiro, com
um agravante, um Regime também Plutocrata. A problemática é
estrutural e não conjuntural. Desta feita, se faz necessário
medidas urgentes e profícuas. E, precisamos de uma transformação
ampla de nossas conceituações e posicionamentos. Recorrendo a
Baker, Jesus Cristo já sabendo da natureza má-humana – em Lucas
18 : 18-19 diz:
certo
homem de posição perguntou-lhe: Bom mestre, que farei para herdar a
vida eterna? Respondeu-lhe Jesus: Por que me chamas bom? Ninguém é
bom, senão um, que é Deus-,
deixou o ensinamento em Lucas 6 : 27-31 Digo-vos,
porém, a vós outros que me ouvis: amai os vossos inimigos, fazei o
bem aos que vos odeiam; bendizei aos que vos maldizem, orai pelos que
vos caluniam. Ao que te bate numa face, oferece-lhe também a outra;
em ao que tirar a tua capa, deixa-o levar também a túnica; dá a
todo o que te pede; e, se alguém levar o que é teu, não entres em
demanda. Como quereis que os homens vos façam, assim fazei-o vós
também a eles.
Sabe-se que difícil é concretizar essas recomendações, contudo, o
contexto atual nos exige superar todo e qualquer censo de
individualismo, “eumismo” e escopo de ordem pessoal para
estabelecer propósitos maiores, coletivizantes. Temos que nos
desvencilhar de todo o nosso eremitismo e pensar apenas no nosso
pandulho e irmos à batalha, enfrentar esse gigante da insegurança
em nosso país.
Do mesmo modo, bem se sabe
que, com diz Paulo de Tarso em Romanos 7 :19, porque
não faço o bem que prefiro, mas o mal que não quero, esse faço.
Se se faz necessário fazer o bem possível.
Assim como esse também cita em Romanos 12 :21, não
te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem.
Portanto, precisamos com
urgência agir, não pagando o mal com o mal, relegando aos nossos
algozes ao cárcere e escárnio público, acorrentando-os aos “postes
da vida”. Mas vencendo o mal com o bem, chega de escravização.
Por que se belzebu expele belzebu, nem o Ades prevalecerá, quiçá,
nossa mãe Terra. Pois, no efeito bumerangue, tudo que vai, volta. Se
planto bondade, sensibilidade, caridade, amor, sobretudo o amor.
Serão esses usufrutos que se colherá. E, em se cultivando o amor;
será o “Governo do amor” que nos regirá.
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