Um
diálogo sobre a Sobral Oficial e a Sobral Real
Por:
Prof. Francisco Pereira
A realidade de
momento vivida na “Princesa do Norte” se aproxima de um ápice da teoria do
caos: “o simples voo de uma borboleta pode provocar um tufão do outro lado do
oceano”. Vamos refletir essa percepção, na óptica de uma “cidade oficial” em
contraposição a “cidade real” debatida por Margareth Rago.
Até pouquíssimo
tempo ouvia-se o atual prefeito da “Terra de Dom José”, vociferar aos “quatro
cantos” da cidade, que com a implantação do Hospital Regional - leia-se
regional e não municipal ou exclusivo para Sobral-, as policlínicas, os CSF`s,
somados as estruturas de saúde já existentes; os problemas de atenção e
promoção a saúde estariam solucionados... Bla bla blá. Então foram
solucionados?
Igualmente,
ouvia-se uma retórica encantadora do chefe do executivo municipal da cidade de
Sobral, anunciar a chegada ao “Paraíso”. Até vêr-se-o as portas chamando:
venham todos, pode entrar, aqui está a “Terra Prometida”, pensada e construída
desde o milênio passado - ano de 1997-.
Desta feita,
nesses ares da “Sobralidade” a educação é nota 10, oferta-se casa própria gratuita
- já estar em construção 3084 casas-, têm-se emprego abundante - ir-se-á importar
quatro empresas da Europa, já se estar produzindo até automóvel-, na saúde; Oh!
Temos os CSF`s, policlínicas, Hospital Regional e do Coração- viram não!? A
cidade nem na lista de falta de médicos disponibilizada pelo Governo Federal
está. Têm-se uma rede de assistência e promoção da saúde “Padrão Fifa”,
parafraseando o adágio da moda. Portanto, a “cidade de Sobral está cada vez
mais bela, impecável, uma formosura.
Porquanto, essa
é a “Sobral Oficial”. E a “Sobral Real”? Seus rios “emanam leite e mel”?
Entretanto, não
é preciso de um esforço em demasia para se confrontar a Sobral exposta pela institucionalidade
e os espaços em que vive os relés mortais. Basta sintonizar as emissoras
radiofônicas da cidade para se pasmar; e, perguntar-se, onde se está? Como cita
a sua excelência o Prefeito municipal, onde está a “Sobral dos meus sonhos”? A
Sobral vociferada por ele? Aqui um pouco
apresentada.
Mais ainda, na
tentativa de englobar, um tanto, não muito, os atores inseridos e envolvidos
nessa plêiade que pensam e perfazem os destinos dos sobralenses. Sobral é tida
e havida como uma cidade universitária, com isso, fica a indagação; Hei! IFCE,
INTA, UFCe, UVA –em especial ao Centro das Humanas- onde estão vocês nesse
debate? Não se percebe, ou, não se ver em claro suas manifestações e
envolvimento direto nesse momento de caos que convive a população sobralense,
para se restringir ao torrão local.
Senão, a luz
amarela está ligada! Mas porque mesmo!? Envolto a essa gama de problemas de
maior monta que se extasiou, na saúde e segurança, sobretudo, têm-se passado despercebido
novas realidades e lugares sociais surgindo na cidade, atores sociais dantes
não visto em Sobral. Quais são eles?
Porquanto, quem
já se atentou para os catadores de lixo e seus “carrinhos-geladeira”
percorrendo a cidade? O crescimento de moradores de rua, flanelinhas, rincões
de pobreza e, sobretudo, a significativa discrescência social –o contraste
alarmante dos carrões de luxo e os “carrinhos” dos catadores de lixo, lado a
lado- que tem se atenuado e pouco debatido. Esses símbolos que denunciam, não uma
“Pseudo-marca de desenvolvimento”, mas sim, um “Pseudo-crescimento” não
planejado e constituído a revelia. Um simples vou de borboleta, que redundou na
realidade vivida no hoje.
Por isso, na
certeza de não ter debatido na plenitude os temas apresentados, mas sim, ter
tentado construir um ensaio que poderá se constituir de ponto final, na busca
de se descortinar e se por a lume as reflexões pretendida de que uma “Sobral
Oficial” vociferada possa sobrepor-se a “Sobral Real”, caótica e apavorada
vivenciada pelos reles mortais da briosa “Terra de Dom José.”
Sobral,
17 de julho de 2013
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